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Tocando a vida…

Desde que me entendo por gente, morei em nove casas ou apartamentos, ou seja, posso ser considerada meio nômade, não? E, diferentemente das pessoas com as quais já falei sobre isto, ainda não deixei de gostar de mudança. No sentido literal, prático mesmo. De encaixotar tudo, anotar nas caixas o conteúdo delas, limpar a nova moradia, desencaixotar e organizar… Ah, como isso é legal!

Depois de ter casado, em cada uma dessas ocasiões, bibelôs desapareciam, bem como o número de pratos e copos – etc – diminuíam… Confesso que, se me deres um desses trecos para enfeite, vou deixá-lo ficar bem encardido, e logo se tornará um de sacos de lixo. Não curto ficar limpando coisinhas miúdas. Eis a razão para o desaparecimento do primeiro item citado – segredo revelado (Ui!!!).

Quanto aos demais, foi bem consciente a opção. Percebi que dá pra se viver bem com o mínimo e o básico. Não quero dizer que sou exemplo e nem que sei alguma coisa a mais. Jamais! Espero nunca parar de aprender! Espero sempre lembrar que do pó vim e para lá voltarei, o que significa que todos somos iguais em valor para o nosso Criador, o qual não faz acepção de pessoas.

Além disso, esse post é para dizer que sem Ele – Deus – nada posso fazer, nem ser… Toda boa dádiva vem dEle, sabedoria, fé etc. E toda provisão também! Isso não é fantástico? Preciso aprender a confiar mais, pois ainda me preocupo com a alimentação, talvez por ter um filho alérgico. O Mestre Jesus, enquanto na Terra, ensinou que a vida vale mais que o alimento e o corpo mais que a vestimenta.

VidaA vida é mais importante do que a comida, e o corpo, mais do que as roupas.
Observem os corvos: não semeiam nem colhem, não têm armazéns nem celeiros; contudo, Deus os alimenta. E vocês têm muito mais valor do que as aves!
Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?
Lucas 12:23-25

Bem, vale a ressalva de que não se pode radicalizar a interpretação dessas palavras. Acredito que o Senhor quis aí demonstrar que o que conta é o equilíbrio. Que não é preciso se desesperar por não se estar à altura da “cultura de aparência” veiculada pela mídia. Que não é motivo para estresse o não poder comer caviar no almoço do domingo (“…nunca vi, nem comi, eu só ouço falar…” – Zeca Pagodinho)

Que é viver, então? Existir fisicamente e espiritualmente, ter alma, respirar, ter saúde, adoecer, relacionar-se, perdoar, trabalhar, descansar, expressar-se, sentir, entusiasmar-se, desanimar, dormir, acordar, simplificar, complicar, ser criança, amadurecer, ser adulto, confiar, desconfiar, planejar, viver um dia de cada vez, arriscar, persistir, comer, beber, banhar-se, vestir-se, estudar, aprender, ler, assistir a filmes, viajar, ser abençoado e abençoar…

Tudo isso junto e separado, com rotina e flexibilidade, com esforço e facilidade, com alegria e tristeza, com muito e pouco, com coragem e medo, com energia e cansaço, com previsão e susto, com esperança e desesperança, com obrigação e prazer, com vontade e sem vontade, com pressa e devagar, com ida e volta, com casa própria e aluguel, com carro e bicicleta, com realidade e imaginação, com passado e futuro, com fé e dúvida…

Enfim, esses paradoxos todos são o que nos move e, mesmo assim, viver é muuuuuuito bom! E, se você acredita, como C.S.Lewis, que “descende de Adão e Eva […] – é honra suficientemente grande para que o mendigo mais miserável possa andar de cabeça erguida, e também vergonha suficientemente grande para fazer vergar os ombros do maior imperador da Terra. Dê-se assim por satisfeito.”